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03/02/2005

CERÂMICA

A palavra "CERÂMICA" deriva do termo grego KERAMIKE, derivação de KERAMOS, que significa argila. Cerâmica é o conjunto de actividades destinadas à elaboração de toda a espécie de objectos, com barros de qualquer classe, decorados ou não, utilizando-se a propriedade que possui a argila de se moldar facilmente no estado de barro cru (húmido), adquirindo dureza à medida que avança a sua secagem ou por efeito da cozedura.
Foi durante o Neolítico, fase do desenvolvimento técnico das sociedades humanas, correspondente ao seu acesso a uma economia produtiva, que a cerâmica foi inventada. Este período, caracterizado pelo desenvolvimento de novas técnicas tem no entanto como factor de primordial importância o estabelecimento de novas relações entre o homem e o meio natural, decorrentes da descoberta de meios de controlar e desenvolver os recursos para a sua sedentarização.
Considerou-se durante muito tempo que a cerâmica era uma característica deste período. No entanto o reconhecimento de um neolítico pré-cerâmico no Próximo Oriente ( Jericó ) e as descobertas de vasos cerâmicos em grupos nómadas datados de cerca de 6000 AC. no Japão, obriga-nos a considerar a existência de duas fases: a pré-cerâmica entre o fim do VIII milénio AC. e o princípio do VI e a cerâmica a seguir a esta data e que se prolongou até à idade do Bronze.
Era no Sudoeste da Ásia (Irão, Palestina e Sul da Turquia) que se davam espontaneamente o trigo e a cevada, bem como existia no estado selvagem o gado bovino e caprino que permitiram a revolução (passagem a uma economia de produção) acima referenciada.
Não é pois de estranhar que o desenvolvimento inicial da cerâmica se tenha dado no Próximo Oriente, visto ter sido aí que se verificou a necessidade de armazenar os alimentos recolhidos da agricultura; de casas para abrigar uma população crescente; de símbolos que satisfizessem as necessidades espirituais e fornos que transformassem a farinha do trigo em pão que levou à construção de vasos, tijolos, estatuetas e elementos decorativos em argila.
Quanto a Portugal há que referir alguns seguintes aspectos: houve um primeiro período em que se manifestaram as influências Europeia e Mediterrânea para o aparecimento e desenvolvimento desta arte, através dos "invasores" no primeiro caso e dos mercadores no segundo.
O aparecimento de um tipo específico de cerâmica proveniente de uma cultura situada no Vale do Tejo e que posteriormente se espalhou por toda a Europa: a cerâmica campaniforme.
A existência de uma cerâmica típica ( cerâmica ibérica), ao tempo da chegada dos Romanos e a importância destes e mais tarde dos Árabes para o futuro desenvolvimento da olaria.
A existência de vários tipos regionais durante a Idade Média, alguns dos quais perduram até ao presente.
O grande desenvolvimento verificado nos últimos séculos XVII e XVIII, especialmente neste último, devido à existência de ceramistas de vulto como Brioso e Vandelli e à fundação de Fábrica do Rato, que esteve na base do aparecimento de outras fábricas importantes por todo o território.
O aparecimento no século XIX da porcelana (Vista Alegre) e da faiança fina (Sacavém) em parte como reacção à invasão do nosso mercado por produtos ingleses, melhores e mais baratos, porque fabricados pelo novos processos saídos da Revolução Industrial.
O aumento do número de fábricas verificado nos fins do século XIX e primeiras décadas do século XX e o seu decréscimo nas décadas seguintes , como consequência da concentração industrial que era apanágio da "grande indústria" nascente, processo a que a cerâmica não ficou alheia.

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